June 23, 2017

O APOSTADOR, O SEGURO AGRÍCOLA E A THAILÂNDIA



A agricultura na Tailândia é extremamente diversificada, assim como na maioria dos países asiáticos. O efeito da reforma agrária natural, que ocorre ao longo de centenas de anos entre as famílias, dividindo as áreas entre avós, tios, sobrinhos e irmãos é o que vem tornando essas áreas cada vez menores. Tanto é que já se fala em reforma agrária reversa, de forma empresarial, criando clubes e cooperativas para juntar áreas, facilitando a mecanização e agilidade no plantio, manejo e colheita.

Nesses dias em que conheci o norte da Tailândia, tive a oportunidade de conversar com alguns produtores locais, um pouco sobre religião, visitar e entender como as tribos milenares das montanhas sobreviveram até hoje. Não que toda agricultura de lá seja assim, mas pelo menos no ponto de vista que percebi, vou relatar um pouco aqui a visão que tive.



TRIBOS E AGRICULTURA

Os thailandeses se dizem abençoados por não existir conflitos internos entre as tribos. Por mais diversificadas que sejam, viviam em harmonia entre as fronteiras do Laos, Myanmar, Thailândia e China. Hoje a maioria destas etnias ainda sobrevivem da agricultura extrativista e turismo, em áreas protegidas. Mas as novas gerações não permanecem, colocando em risco a continuidade destas culturas. Por isso criaram-se algumas fundações/associações para fomentar e estimular essas etnias a permaneceram nas montanhas. Essas fundações estão subsidiando filhos das pessoas mais velhas que optaram por continuar nas tribos remotas das montanhas. Os jovem ganham educação de graça, desde que todo o conhecimento seja direcionado para planejamentos ao incentivo do turismo, que é o mercado que mais arrecada recurso para as fundações, que administram essas tribos a continuarem preservando a cultura. Mas a maioria dos jovens não voltam e optam por morar nos grandes centros.


O interessante é que existe um consenso de reconhecimento entre os produtores rurais de que todas as tribos são de suma importância para a preservação cultural do país. Conversando com um produtor, ele afirmou que, por mais desafiador que seja expandir as áreas de produção agrícola na Thailândia, as tribos nunca interfiriram, conseguindo conviver em harmonia com os produtores rurais. Para tentar entender essa harmonia, devemos conhecer melhor as raízes do budismo. 

Arapuca
Milho sagrado
Banha de porco















O bambu é e sempre foi muito usado durante toda a história dos países asiáticos.

Abrindo o bambuzal




Bambu destocado





Algumas fundações ou associações incentivam pessoas com interesse em visitar as tribos das montanhas, e até existe a opção de se hospedar em algumas dessas tribos, proporcionando uma experiência incrível. Vale a pena conhecer todas elas. Algumas são de excelentes caçadores, oferecendo refeições com carnes exóticas e temperos típicos.

Quando for pesquisar sobre visitas às tribos, deve-se ter certeza de que seja com alguma associação ou fundação registrada. E a melhor época é em dezembro, janeiro e fevereiro.

Os Thailandeses levam o hino nacional muito a sério. Ele toca duas vezes ao dia, as 6 da manhã e as 6 da tarde em locais públicos como parques, estações de trem, aeroportos. Quem é de fora extranha muito, mas todo mundo para o que esta fazendo, prestando respeito ao hino. Não dura mais do que 30 segundos.

Algumas Associações para experiência em tribos das montanhas:
www.pda.or.th/
www.xperitas.org/community-partnership-programs/partnerships/thai-hill-tribes-chiang-rai-thailand
Principais Tribos: Akha, Lahu, Karen, Hmong/Miao, Mien/Yao, Lisu, Palaung



O APOSTADOR E O SUBSÍDIO

A preocupação sobre segurança alimentar também afeta a Tailandia. O fato de que em outros países o subsídio agrícola é uma ferramenta que não tem mais volta para assegurar alimentos e recursos para os produtores continuarem produzindo com incentivos. Os custos que o governo teve com o tsunami que assolou o país, colocou em alerta muitas autoridades. Terremotos já aconteceram praticamente em todo país e o seguro é a forma de garantir a prosperidade e mudou o posicionamento da indústria dos seguros sobre o tsunami que ocorreu em 2004. Porém, o custo do seguro somente é garantido com o apoio do governo em forma de garantir recursos para empresas privadas de seguro, não somente para terremotos mas também para produção agrícola.

Produtores rurais sempre foram jogadores, apostando nas chuvas, na temperatura, segurando a produção ao invés de vender na esperança de que os preços poderão subir em função de qualquer outro fato em algum outro lugar. Sempre terão anos bons e anos ruins na agricultura, fato.

As incertezas que os agricultores enfrentam ao realizar seus trabalhos com investimentos em tecnologias e insumos antes mesmo dos recursos entrarem nos seu bolso no final da safra são todos riscos que nem sempre são cobertos com seguros agrícolas. Esses sistemas de seguros foram inventados em uma época que variações climáticas ou outras intempéries eram mais amenas. Mas, nos países que realmente passaram por situações desastrosas e catastróficas, foi onde realmente se deu valor ao seguro agrícola como um recurso de extrema importância. Mas infelizmente hoje, cada vez mais é incentivado pela indústria de químicos, uma competição besta entre produtores, principalmente no Brasil, fazendo publicidade de quem produz mais para assim promover os insumos. Não levam em consideração os custos de produção. Em alguns casos comentam, mas nada formalizado. Isso sim coloca em risco esses recursos do seguro agrícola, pois em lavouras ou áreas com altos investimentos para atingir tétos produtivos "lindos", mas... surreais e acima do normal, requer aplicação de insumos de alto valor agregado, que muitas vezes onera o custo da lavoura, e aumentando ainda mais o risco do apostador, criando uma ilusão de que produzir 100 sacos por hectare com um custo fixo e variável de 70 é melhor do que produzir 60 sacos com um custo de 30.


No comments: