Safra 2020/2021
Mesmo com os cultivos irrigados no sistema milho, sentimos a estiagem por diminuir a abundância de água nas barragens. Um dos nossos maiores desafios é o uso consciente de água para irrigação e isso vem sendo mitigado com melhorias na infiltração da água na lavoura, quando se constrói um perfil de solo o mesmo funciona como uma esponja, armazenando e estocando a água por mais tempo no solo para as plantas.
Para manejo de doenças e pragas, nossa estratégia está sendo trabalhar com o aumento da imunidade das plantas e torná-las mais resistentes às intempéries, gerenciando a causa e não somente os sintomas. Porém o que dificulta esse processo é que a forma como as sementes desses híbridos são produzidas pois tornam todo o sistema de produção de grãos de milho com uma grande dependência de moléculas químicas.
E houve sim perdas pela incidência de cigarrinha em híbridos de milho suscetíveis a essa praga. A perda estimada foi de 10%.
Aumentamos a área cultivada, porém a produção foi menor do que planejada. Um dos motivos que limitam o aumento de área de milho em nosso sistema agrícola é o fato destes grãos ocuparem muito volume no armazenamento, competindo pelo espaço com grãos de soja.
Realmente o resultado positivo de qualquer sistema de produção agrícola é o conjunto de fatores. Mas sair da Zona de conforto, fazer melhor e transformar o design de nosso pensamento com tantas mudanças que estamos vivendo, respeitar a natureza, ser rentavel, buscar prosperidade e abundância do sistema agricola foram a base para incrementar a produção. Para melhorar precisamos mudar como estamos manejando e as vezes aquilo que mais precisamos encontrar para essa melhoria pode estar onde menos queremos olhar.
Depender menos de insumos de outros países e mesmo assim usando tecnologias de alta qualidade, extraídas e produzidas no nosso país. Uma das melhorias foi buscar um ponto de vista biológico e acreditar que a agricultura do Brasil pode ser uma das mais limpas e rentáveis do mundo, comprovando que os agricultores podem sim consolidar um novo modelo de agroeconegócio brasileiro.
Utilizamos gps, piloto automático, mapeamento de fotometria com drones, telemetria para controle de umidade de grãos armazenados, gestão das áreas com mapas de colheita, um software para gestão de custos de produção e indicadores econômicos e contabilidade. Estamos utilizando um equipamento digital que mede a massa microbiana do solo. A agricultura digital é a cereja do bolo, porém ainda temos muito trabalho pela frente para conseguir rentabilizar (ROI) e utilizar de forma mais assertiva todas informações dessas ferramentas, visto o excesso de informações.
Um grande passo para melhorias na produtividade foi o investimento em sistemas de irrigação e o que vem sendo fundamental é que buscamos cada vez mais uma visão de que a fazenda é um organismo agrícola. Nosso alicerce está sendo construído por plantas de cobertura, pulverização de microorganismos, adubação mineral e biofertilizante. Durante nossa entre-safra procuramos utilizar rotação de culturas onde reservamos 40% da área para produção de grãos e o restante das áreas com plantas de coberturas consorciadas para fechar as janelas de outono e primavera, mantendo o solo sempre coberto. Finalmente percebemos que o solo tem vida e que é fundamental alimentá-la com diversidade de outras espécies de coberturas outonais e invernais. Gramíneas com alta relação de carbono e leguminosas, brássicas e poligonáceas com maior relação de nitrogênio, criando um meio de cultura equilibrado para o sistema solo. Outra estratégia essencial para se fazer nesse arranjo de plantas é pulverizar consórcios de microorganismos para ativar ainda mais essa interação solo/microorganismos/plantas. Tudo isso para preparar e “engordar” o solo antes do plantio das culturas comerciais. A adubação de sistemas em nosso manejo ainda esta em fase de aprimoramento, mas já estamos trabalhando com adubação orgânica sólida nos anos bons e mais líquida, condicionadores de solos e are I realizadores.
A integração-lavoura pecuária antes da cultura do milho para altos rendimentos ainda é um desafio, mas vemos com bons olhos todo tipo de integração de sistemas.
A melhor e principal ferramenta para aumentar o rendimento é procurar escutar e entender a natureza dos sistemas agrícolas e sempre acreditar que tudo dará certo quando se busca o equilíbrio biofisicoquímico. O milho e a soja são como reis e rainhas em nosso tabuleiro agroecosistêmico e a competição é melhorar sempre os resultados financeiros, sociais e ambientais desse organismo agrícola.