September 1, 2019

ENCONTRO SOBRE SAÚDE DO SOLO


Já fazem 4 anos que comecei a procurar entender melhor os "manejos biológicos" e aos poucos iniciando essas práticas na fazenda, mas foi a partir do workshop sobre Produção Segura de Grãos que despertei para área de agricultura biológica, e desde então vi esse assunto ganhar cada vez mais espaço. Uma tendência sem volta. Vou listar abaixo algumas anotações que fiz durante o encontro técnico sobre saúde do solo na Universidade de Davis-CA

Em Agosto de 2019 tivemos a oportunidade em participar de um encontro de produtores e consultores americanos sobre soluções inovadoras referente a saúde do solo promovido pela Acres.  O objetivo e simples e claro, tornar um solo biologicamente ativo e equilibrar os nutrientes para tornar as plantas que crescem nesse meio resistente a pragas e doenças e ainda ter alta densidade nutricional. Soluções estas que sempre existiram mas somente agora se encaixam, como um quebra-cabeças em larga escala. Abaixo iremos citar alguns pontos positivos que achamos relevantes do encontro:

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Como fazer seu solo trabalhar pra você? 

Aumentando a atividade biológica dele, fazendo com que os microorganismos trabalhem, criando ambiente ótimo e nutrindo-os com “refeições caprichadas”. Os minerais equilibram e dão condições aos micróbios alimentarem as plantas. Plantas e microorganismos criam um tipo de bioquímica que esta sendo muito estudada, pois sabe-se que a utilização de micróbios sozinhos não funcionam direito, mas quando junto de outros têm grande eficiência em nutrir as plantas e se conectarem, aumentando a imunidade e resistência contra algumas pragas e doenças.
Uso dos métodos de equilibrio de bases e elementos traços (por Willian Albrecht) balanço químico do solo integrando manejos que aumentem a atividade biológica. O ideal é integrar práticas e conceitos. Primeiro, organizar os minerais tendo em vista a microbiota do solo, seguido do equilíbrio biológico. Solo saúdavel é um solo extremamente produtivo.



Consultor Gary Zimmer, demonstrando analogias e exemplos práticos de agricultura biológica


Muitos nutrientes como fósforo são complexados pela química e disponíbilizados pela biologia.


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Tudo é uma questão do equilíbrio do valor elétrico do solo e das cargas. Como saber se teu solo esta com condutividade elétrica adequada? Usar um condutivímetro para medir, sempre com umidade no solo. Plantas na fase vegetativa de 0,2 a 0,4. Fase reprodutiva 0,5 a 0,9. Se marcar 0,0 não existe vida no solo ou solo muito seco. Acima de 1,0 cargas em excesso. Ir afundando a haste do conditivímetro até o final, lentamente, quanto menos variar a carga (0,2~0,4) melhor. A umidade do solo funciona como se fosse um líquido de bateria, é quem segura toda eletricidade. No solo, muita eletricidade torna indisponível nutrientes e desequilíbra a simbiose dos microorganismos com os vegetais.  Plantas e micróbios do solo criam bioquímica junto às raíses e quando em interação com outros organismos. Nesse sistema os microorganismos interagem entre si e alimentam as plantas. Análises de solo são precisas porém ambíguas, não é somente pelo nutriente que existe no solo, mas sim pelo que exatamente a planta esta se alimentando.  Método inovador de análise de tecido vegetal SAP, trabalham com equilíbrio funcional de nutrientes na planta pelo tecido vegetal visando renutrição voltada para aumentar a imunidade vegetal e melhorar resistência de pragas e doenças nos vegetais, consequentemente aumentando a densidade nutricional.

Bioprotetores, bioestimulantes, bionutrição: novos termos, novas tendências.


Monitoramento da saúde do solo é ter micróbios como biomarcadores.

Cálcio é a mãe, Fósforo o pai, Magnésio o filho problemático e o Enxofre o filho ativo. Cálcio é quem realmente manda na casa. O Boro é como se fosse o amor entre Cálcio e Fósforo. Os demais elementos cavalgam para dentro da planta nas costas do cálcio. A melhor forma de se corrigir uma carência é eliminando-se os excessos. 

A planta não pode ter dia ruim. O “conforto vegetal” garante altas produtividades aliado a “memória genética” das sementes trabalhadas dentro de um programa de melhoramento com manejos de agricultura biológica. 

De nada adianta utilizar produtos a base de micorrizas se o teu solo ainda não esta com boa aeração e atividade biológica. No mínimo deve haver uma relação fungo/bactéria dependendo do tipo de cultura,  para então povoar com micorrizas, essas irão trabalhar e disponibilizar nutrientes para as plantas.

Fração húmica. O nitrogênio deve estar em forma orgânica no solo, ficará retido no solo porém disponível para as plantas. Para clima temperado (faixa ótima de temperatura para proliferação de microorganismos) a melhor forma é carregar o solo com diversas plantas de cobertura, aproveitar a úmidade na entressafra e deixar o solo mais ativo possível, podendo adubar/pulverizar chá de composto, biofertilizantes, E.M. (microorganismos eficientes da mata)... ativando e adubando essas plantas de coberturas, quanto mais biodiversas e maior quantidade de carbono melhor. Comprovado que grande biodiversidade destes microorganismos  suprimem a maioria das doenças de solo. 

Diminuir os custos de produção e aumentar ou manter a produtividade, aumentando a RENTABILIDADE. De nada adianta produzir mais se os custos irão aumentar sem impactar num aumento da rentabilidade nas propriedades rurais.

Muitos destes manejos e informações acima não são novidades no Brasil, e já estão sendo aplicados em larga escala, e com maiores complexidades atribuídas ao clima tropical e avanços com relação ao uso do Silício por exemplo. O GAAS (Grupo Associado de Agricultura Sustentável) é onde encontram-se produtores, pesquisadores e consultores envolvidos com estes manejos para diversas culturas como soja, milho, cana, algodão, café, hortaliças... Depois desse encontro técnico em Davis-CA, percebemos que em termos de agricultura sustentável e produção onfarm, o Brasil esta no caminho para se tornar um grande líder mundial e o caminho é sem volta, pois estamos criando uma agricultura de processos e não de insumos. É a solução para tornar o produtor rural interdependente e potencializar o setor primário. Aqui tem mais infos sobre o GAAS: www.grupoagrisustentavel.com.br


Multiplicação onfarm:
** para brassagens/fermentações de probióticos onfarm procure um agrônomo ou profissional responsável que tenha esse conhecimento, buscando sempre cepas certificadas e de origem com a Embrapa ou institutos de pesquisas.  Testes de patologia também são importantes para garantir a qualidade da brassagem antes de pulveriza-las na lavoura.

*** Você torna-se um agrônomo até que você vá até o campo e aplique os conhecimentos adquiridos.

 @chiapeta_ag


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